9 de novembro de 2012

Um dia para Carl Sagan

Imagem retirada do blog pensasoreslivres.net
Carl Sagan (09/11/1934 - 20/12/1996). Se estivesse vivo, faria 78 anos neste dia 09/11/2012. Foi astrônomo. É considerado um dos maiores (se não o maior) divulgadores de ciência. Foi autor de vários livros. Entre eles, destacam-se O Mundo Assombrado pelos Demônios e Cosmos. Este último serviu de base para uma famosa série televisiva produzida pela Fox que foi assistida por mais de 600 milhões de pessoas pelo mundo.
Em seus últimos anos de vida, dedicou-se a questionar as pseudociências onde buscava, de alguma forma, mostrar o abuso de afirmações fantásticas sem fundamento científico por parte de charlatães e gurus.
Foi professor em grandes universidade americanas, contribuiu para o entendimento da influência do gás carbônico no efeito estufa em Vênus, deu importantes contribuições aos estudos da atmosfera de Marte, foi incentivador do programa SETI - que busca vida extraterrestre - e conselheiro da NASA.
Sem dúvidas, deu grande contribuição à humanidade mostrando a importância da investigação científica e que é possível sermos céticos sem perder o encantamento.
Dizia ele que: "A ciência não é um meio perfeito de obter conhecimento, mas é o melhor instrumento de que dispomos".

6 de novembro de 2012

A vingança de Plutão

(Cássio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) Plutão sempre esteve imerso em alguma polêmica, começando pela sua descoberta.
Em 1846, Urbain Le Verrier e John Couch Adams usando as leis da gravitação de Newton, conseguiram prever a posição de um novo planeta, depois de Urano, que deveria estar influenciando sua órbita. A posição de Urano às vezes não correspondia à posição prevista e através de cálculos apenas, Le Verrier e Adams (de forma independente) mostraram a posição deste suposto novo planeta. Assim foi descoberto Netuno.
No final do século XIX, todavia, Netuno parecia mostrar perturbações semelhantes às de Urano e começou-se a especular a respeito de um novo planeta, mais distante, que pudesse explicar as observações. Percival Lowell construiu um observatório no estado norte-americano do Arizona em 1904 e passou a procurar por esse planeta, que ele chamou de Planeta X. Apesar de ter sido observado 16 vezes desde 1909, apenas em 1930 o planeta foi descoberto por Clyde Tombaugh, 15 anos depois da morte de Lowell. Essa descoberta teve imediata repercussão, pois se tratava do primeiro planeta a ser descoberto pela astronomia norte-americana. Um concurso foi feito no país e escolheu o nome Plutão para o novo planeta.
E as polêmicas começaram.
Posteriormente verificou-se que Plutão não teria a massa para promover as perturbações em Netuno – Plutão seria um planeta muito pequeno e rochoso, em uma região onde deveria haver um gigante e gasoso. Depois, com mais observações, verificou-se que a órbita de Plutão era muito mais inclinada do que as órbitas dos outros planetas. Além disso, ela era também muito mais ovalada, fazendo com que Plutão cruzasse a órbita de Netuno, deixando-o como o último planeta do Sistema Solar de vez em quando.
No final da década de 1970, a descoberta de objetos quase tão grandes quanto Plutão começou a colocar dúvidas na sua classificação como planeta. Mas, ainda em 1978, Plutão ganhou uma lua, Caronte, e a classificação foi mantida.
Mas tudo começou a mudar em 2005, quando Mike Brown e seus colegas anunciam a descoberta de Eris (inicialmente chamado de Xena), um objeto com quase o mesmo tamanho de Plutão, mas com massa 27% maior. Se Plutão era um planeta, Eris também tinha que ser. Durante um tempinho, a Nasa considerou Eris o décimo planeta, mas a União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) torceu o nariz.
A IAU é a entidade mundial responsável por oficializar os termos e “administrar” a astronomia, ou seja, catalogar, batizar e reconhecer corpos celestes, padronizar as constantes etc. Não demorou muito tempo para a IAU perceber que, com novos e maiores telescópios, novas técnicas e muita vontade de descobrir objetos novos, logo, logo uma enxurrada de novos planetas seria descoberta. Toda semana os livros precisariam ser atualizados. No mesmo mês da descoberta de Eris, a equipe de Brown anunciou a descoberta de 2 outros candidatos a planeta, Makemake e Haumea. Em agosto de 2006, a IAU se reuniu em Praga, na República Tcheca, e em assembleia decidiu criar uma definição para planetas. A partir de então, Plutão, Eris, Ceres, Makemake e Haumea estariam na categoria de planeta-anão. Furiosos, os astrônomos americanos protestaram e ainda hoje fazem campanha pela volta de Plutão à categoria de planeta.
Entretanto, Plutão parece estar se vingando!
Ainda em 2005, duas novas luas foram descobertas usandoimagens do Hubble, Nix e Hydra. Em 2011 e 2012, mais outras duas luas foram descobertas, ainda sem nome oficial. Mais ainda, vários anéis foram descobertos em torno de Plutão. Recapitulando, Plutão tem cinco satélites e anéis – já que não podia ser planeta, resolver criar o seu próprio sistema “planetário”!
Só que a piada começou a ficar sem graça quando os astrônomos se lembraram de um detalhe, há uma sonda a caminho de Plutão!
A missão toda foi planejada com um cenário em mente: Plutão tem uma lua só. Na rampa de lançamento, descobrem que ele possui mais duas luas e faltando apenas dois anos apara chegar lá, descobrem mais duas e um sistemas de anéis!
Todo cuidado é pouco, a posição dessas luas e do sistema de anéis precisa ser conhecida com precisão, para não haver surpresas na aproximação, a New Horizons viaja a 48 mil quilômetros por hora!
A equipe da New Horizons está usando tudo o que pode: simulações numéricas em computador para tentar prever as órbitas de pedaços de rochas, a posição dos anéis e das luas. Está usando e abusando de imagens do Hubble e dos maiores e mais modernos telescópios na Terra. Ainda faltam dois anos e meio para a nave chegar ao sistema de Plutão e os planos, hoje, são de fazer um sobrevoo a uma distância de 10 mil quilômetros da superfície de Plutão e 27 mil de Caronte. Mas, de acordo com Lelie Young, cientista da missão, é bem provável que as manobras sejam definidas apenas 10 dias antes da passagem com tudo controlado a quase 6 bilhões de quilômetros de distância.